data-filename="retriever" style="width: 100%;">Em tempos de poucos empregos, redução de postos de trabalho e de baixa qualificação para as vagas existentes, a catação é uma alternativa de sobrevivência. É preciso, pelo menos, colocar um prato de comida na mesa. Durante muito tempo, foi e, por alguns, ainda é vista como uma das atividades mais degradantes sob as quais uma pessoa pode se submeter. A última das últimas. Com a importância da questão ambiental, se percebeu que os catadores realizam um importante trabalho, seja por meio do retorno ao ciclo produtivo de materiais, reciclagem, cuja extração causa a exaustão, ou dos que provocam poluição devido ao elevado tempo de decomposição. É o caso dos plásticos, vidros e metais.
A catação de resíduos tem um importante papel social e ambiental. Por outro lado, a atividade informal e desorganizada é exploratória, pois quem ganha é o atravessador. Aquele que compra o material e depois revende a um terceiro, que depois vende às indústrias recicladoras. A venda do resíduo sem qualquer beneficiamento, ou com separação grosseira ou ainda sujo, tem baixo valor.
É por isso que o catador individual não ganha praticamente nada. E, é quem faz o trabalho mais duro e mais arriscado. Andando léguas sob sol e chuva, puxando carrinhos, garimpando de contêiner em contêiner aquilo é desprezado, muitas vezes de qualquer jeito. Posso falar com propriedade. Durante dois anos, não apenas coordenei a coleta seletiva solidária da UFSM (uma cidade). Coletei todo o tipo de resíduo, juntamente com as associações no caminhão doado pela Receita Federal. Atividade que me orgulha e me emociona até hoje, pois vivi a teoria que eu ensinava em sala de aula e a prática na carroceria do caminhão, carregando e descarregando bags enormes de resíduos separados pela comunidade universitária.
Constatei de tudo um pouco, compromisso e descompromisso com o próximo. Atitudes que emocionavam por sempre querer fazer o melhor. Até a despreocupação, ignorando que na ponta há um semelhante que pode adoecer e ficar sem trabalhar por causa de um ferimento.
A separação de resíduos, por meio da coleta seletiva, foi consolidada pela lei 12.305/2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos. A solidariedade na coleta seletiva foi instituída nos órgão federais pelo Decreto 5940/2006. Estas leis buscam dignificar a atividade da catação, incentivando a criação de associações e cooperativas, além da obrigação do cidadão com a separação que, caso não o faça, pode ser multado. A experiência me mostrou que quem coordena precisa pegar junto, ser elo. Junto de múltiplas formas, seja por meio de campanhas informativas, seja pelo exemplo - Faça o que eu digo e faça o que eu faço.
Uma coleta seletiva órfã não contagia, não emociona, não sensibiliza e tampouco avança. O gerador precisa se sentir parte e ver além da separação. Ele precisa ver a separação com olhos de solidariedade, de amor ao próximo e a si mesmo.